No sábado passado, edição de 26 de Fevereiro, Pedro Mexia publicou no «Atual», do Expresso, uma substancial resenha sobre De Espécie Complicada, de Abel Barros Baptista, sob o título «Hospitalidade incondicional». Com a devida vénia, transcrevemos algumas passagens:
Este ‘De espécie complicada’ reúne nove ‘ensaios de crítica literária’, e o primeiro deles investiga precisamente o que é isso, o ‘ensaio’. A ‘teoria’, que dominou os estudos literários nas últimas décadas, tem prestado menos atenção ao ensaio do que aos outros géneros. Isso deve-se ao facto de o ensaio não ser exactamente um ‘género’, talvez só uma ‘atitude’? Ou tem a ver com uma certa competição entre a teoria e o ensaio? (…)
A ‘teoria’ desconfia do ensaio porque o vê como um competidor no modo de conhecimento da literatura; mas o ensaio leva de algum modo vantagem, pois representa a literatura enquanto conhecimento de si mesma. Daí que Barros Baptista proponha esta fórmula: o ensaio não é conhecimento disfarçado de literatura, mas literatura disfarçada de conhecimento. É esta concepção estimulante do ensaio que torna Abel Barros Baptista um ensaísta essencial. Isso e a maneira como desfia um argumento, em demonstrações luminosas ou em interpretações vertiginosas, e sempre num português impecável.
Talvez por esta boa descrição do talento do autor, a pontuação que Pedro Mexia atribui ao livro de Abel Barros Baptista – 4 estrelas – só pode suscitar a nossa (total) discordância. Mais-a-mais em tempo de banalização das 5 estrelinhas a tanto pseudo-ensaio…
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